Como as condições de vida afetam a mobilidade populacional
Foi no século XVIII que surgiram as primeiras reflexões teóricas sobre a localização das populações e
atividades económicas. Richard Cantillon (1755) apresentou a sua teoria, com base no lema de que
“toda a organização social está subordinada à terra à qual o trabalho dá a forma de riqueza”. Em 1826,
Johann-Heinrich vonThunen teorizou sobre a regularidade da distribuição espacial das atividades
agrícolas e proximidade da população relacionada com a formação dos rendimentos da terra. A
perspetiva dos economistas clássicos assentava, na proximidade das populações com as atividades
económicas, na mira das economias de tempo e custo de transporte.
Os modelos mais completos já foram desenvolvidos no século XX, por A. Lösch em 1967 e Walter
Christaller em 1966. O primeiro teorizou sobre os sistemas de produção industrial. O último expôs a
sua teoria dos lugares centrais. Cabe ainda uma referência ao modelo de Wingo (1962) pondo a tónica
no tempo e custo de transporte, relacionados com o valor do terreno. Concluía este autor que, o
trabalhador que vive mais perto da cidade beneficia desta situação; a sua localização é, portanto, mais
favorável e o valor do terreno do seu local de residência será mais elevado.
A situação atual desta problemática abre caminho para o aprofundamento dos aspetos económicos,
no contexto das políticas públicas a implementar. O trabalho que apresentamos vai no sentido de
identificar as forças de aglomeração que determinam a procura das populações pela localização
residencial que, como se pode verificar pela informação estatística disponível, tende a acentuar
exageradamente a concentração populacional nas áreas metropolitanas. A ciência económica diz que
“a concentração de atividades gera economias de aglomeração e estas, por sua vez, impulsionam o crescimento económico”. Em face dos desequilíbrios na malha urbana entre os centros do interior e os do litoral, as preocupações atuais dos investigadores deveriam ser agora no sentido de determinar a dimensão mínima dos centros urbanos que deem garantia de autossustentação aos necessários processos de crescimento. (LOPES, A.S. e PONTES, J.P., 2010, Introdução à Economia Urbana, Fundação Calouste Gulbenkian).
Em Portugal, na divulgação à comunicação social dos dados provisórios do censo de 2021, em 16 de
dezembro passado o INE afirma: “… acentuaram-se os desequilíbrios na distribuição da população pelo
território, com uma maior concentração da população no litoral e junto à capital”.
Tendo apenas presente o espaço continental do país, a nossa hipótese de investigação é determinar,
com base na análise estatística multivariada, o que leva as populações a abandonarem a sua residência
ancestral, para emigrar ou migrar, para as duas áreas metropolitanas ou litoral do país.