A mobilidade interna e a dinâmica demográfica em Portugal
Os primeiros dados disponíveis do Recenseamento de 2021 denotam um reforço da concentração da população no território e o abrandamento da dinâmica demográfica. Comparativamente a 2011, em 2021 verifica-se um decréscimo de 2,1% da população e, simultaneamente, acentuam-se também o processo de centralização, encontrando-se 50% da população a residir em 31 Municípios (INE 2021,p.3). Na realidade, as tendências de despovoamento e envelhecimento intensificaram-se nos municípios do interior, que continuam a perder população a par de um envelhecimento crescente.
A componente migratória desde os anos 90 tornou-se determinante no que respeita a dinâmica demográfica em Portugal. Mas no que respeita às diferenças territoriais, a dinâmica migratória teve ao longo do tempo um importante papel quanto a muita das vunerabilidades que entretanto se foram sucedendo. Porém, apesar da sua importância, não conhecemos de forma detalhada todas as componentes do crescimento migratório, ou seja, a emigração, a imigração e a mobilidade interna.
O nosso interesse de investigação recai sobre esta última, a mobilidade interna, para a qual Portugal dispõe de poucos instrumentos que permitam uma análise aprofundada da sua trajetória. A evolução populacional portuguesa foi impulsionada, e condicionada, por este tipo de mobilidade nomeadamente no que respeita à concentração urbana ou à litoralização, bem como nas características e dinâmicas regionais. A análise e tratamento dos movimentos migratórios internos corresponde, por isso, a uma análise indireta, desenvolvida com base nos dados obtidos através da pergunta do Recenseamento relativa à mudança de residência 2 anos ou 5 anos antes do momento censitário.