Demographia territorialis: how geographical perspectives and dimensions can change our approaches on population analysis
Desde a sua formalização como disciplina científica no século XIX, que o tema da população está presente nas abordagens da Geografia. Descrever o território, realçando as suas caraterísticas e ligações, implicava incorporar o “elemento humano da paisagem”, como evidenciam as monografias e os trabalhos de síntese efetuados pela Geografia Regional portuguesa entre os anos de 1930 e 1970. Posteriormente, com a afirmação de uma organização temática da Geografia associada à valorização de perspetivas aplicadas orientadas para o planeamento e o desenvolvimento regional e local, os estudos territorializados de população expandiram-se e reforçaram a incorporação de componentes técnicas e prospectivas, transformando a subárea da Geografia da População.
Em relação aos métodos, a valorização da quantificação e a sua intensificação há cerca de 50 anos, prolongadas duas décadas depois na revolução das Tecnologias de Informação Geográfica, ampliaram os processos de tratamento e expressão da informação territorializada. Note-se que a Geografia admite a existência de uma forma de complexidade derivada da imbricação dos níveis espaciais. Esta complexidade é descrita nos anos de 1970, entre outros por R. Brunet, enfatizando-se a ideia de que mudanças de nível (escala) resultam na emergência de novas evidências. Partindo deste quadro, discute-se o modo como as abordagens contemporâneas da Geografia podem contribuir para modificar ou ampliar as análises demográficas. Para tal seguem-se duas linhas de reflexão: i) a territorialização das políticas demográficas, o que permite equacionar a pertinência dos vários níveis administrativos (nacional, regional, local) na implementação de estratégias para a natalidade ou as migrações; ii) as possibilidades técnico-metodológicas nos trabalhos de demografia territorializada, centradas nos efeitos que o recurso a diferentes categorias analíticas associadas às dimensões geográficas (escala, unidades territoriais, formas de mobilidade) podem ter nos estudos de população, por exemplo no âmbito das densidades ou acessibilidades.