Fecundidade e Infecundidade Não Planeadas
O último inquérito português à fecundidade mostra que a fecundidade efetiva está longe de corresponder à desejada. A comparação entre o número médio de filhos desejados (2.15) e o número médio de filhos esperados no final da vida reprodutiva (1.75) ou com o índice sintético de fecundidade (1.40 em 2020) mostram importantes desfasamentos. Mas há outros indicadores a partir dos quais se podem perceber as diferenças entre os desejos, as expectativas e a sua efetivação. Se se considerarem as mulheres no final da vida fértil (40-49 anos), 52% teve menos filhos do que desejava e 6% teve mais filhos do que o desejado.
A regulação da fecundidade não é um processo linear: apesar de só 6% terem tido mais filhos do que queriam, a percentagem de nascimentos não planeados é bastante significativa: cerca de 30%. Considerando estes nascimentos não planeados e as IVGs, pode apontar-se para uma estimativa aproximadamente 40% das gravidezes não planeadas/desejadas. No polo oposto, 14% das mulheres (no final da vida fértil) tem ou teve dificuldades em engravidar e, destas, apenas 34 % recorreu à procriação medicamente assistida (PMA). A grande maioria das mulheres teve menos filhos do que queria ter (52%) ficou aquém desejado por motivos e circunstâncias que importa analisar.