Mortalidade dos idosos europeus em situação de exclusão das relações sociais
A exclusão social dos idosos é um fenómeno multidimensional que determina
vulnerabilidades, desigualdades e desvantagens comparativas dos indivíduos excluídos face
aos demais (Walsh, Scharf, & Keating, 2017). Este trabalho tem por objetivo a análise do
impacto da exclusão social, no domínio específico das relações sociais, na mortalidade dos
indivíduos com idades compreendidas entre os 65 e os 95 anos. Baseia-se numa amostra de
35196 indivíduos, representativa da população idosa de 17 países europeus que participaram
nas vagas 6, 7 e 8 do projeto SHARE – Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe. O
estudo recorre às curvas de Kaplan-Meier para descrever a sobrevivência de indivíduos em
situação de exclusão e não exclusão social, na dimensão das relações sociais, definida a partir
da frequência de contactos e da densidade da rede de relações do indivíduo. Utiliza o modelo
de Cox clássico e o modelo fragilizado para considerar o efeito das covariáveis na
sobrevivência.
Os resultados apontam para 15,5% de idosos excluídos socialmente no conjunto dos 17 países
europeus, na dimensão das relações sociais. Permitem ainda concluir que estes indivíduos,
quando fixadas as covariáveis do modelo (características demográficas, socioeconómicas e de
saúde dos indivíduos e países de residência) têm uma probabilidade de morte acrescida de
17,2%, relativamente aos indivíduos não excluídos das relações sociais. Apontam ainda para
o facto de, em Portugal, os indivíduos em situação de exclusão social, no domínio
mencionado, sofrerem um risco acrescido de mortalidade de 18% quando comparados com
os indivíduos dos outros países considerados no estudo.