Olhar o futuro por entre o problema social e o desafio demográfico do duplo envelhecimento do presente
Portugal, exemplo de país onde as gerações que contribuem para os novos nascimentos têm menores dimensões que no passado; onde a crise económica mais recente estimulou o aumento substancial do saldo migratório negativo; e onde o impacto COVID-19 ainda está por ser verdadeiramente apurado não só do ponto de vista social como demográfico, abre janela de oportunidade para novas perspetivas sociais e demográficas sobre o envelhecimento.
Este estudo acompanha a evolução da estrutura populacional do país e pretende dar resposta à futura evolução da população através da conjugação de um modelo de projeção populacional por coortes e componentes, com a inovadora estimação de padrões de fecundidade e mortalidade definidos em termos de análise de dados composicionais, com o objetivo de dar resposta às “velhas” questões da demografia, como a tão socialmente sobrevalorizada questão da substituição das gerações, ou a novas questões sociais, como o novo papel dos avós, e da própria sociedade na vida dos jovens.
Tendo em conta os atuais padrões de fecundidade e mortalidade, torna-se expectável que a tendência de inversão da pirâmide etária, ou seja, de envelhecimento contínuo, estabilize somente nos próximos 40 anos, quando as gerações nascidas no contexto de fecundidade abaixo da expectável para a substituição das gerações (2,1 filhos por mulher) atinjam a idade da reforma.
Ainda que seja improvável que se observe um certo rejuvenescimento populacional nas décadas vindouras, importa refletir que estamos hoje, em 2022, perante novos comportamentos demográficos, sociais e familiares que apresentam potencialidades futuras nunca experienciadas, e por isso importa refletir sobre estas novas potencialidades.