Quatro séculos de demografia madeirense, 1419-1820. Uma avaliação global.
Pouco após o descobrimento, em 1419, iniciava-se o povoamento do arquipélago da Madeira a partir do Funchal e do Machico, alastrando-se rapidamente a vários pontos do sul da ilha da Madeira. Para tal contribuiu o facto destas ilhas se assumirem como a primeira experiência do modelo de colonização ultramarina. A inexistência de outros territórios susceptíveis de povoamento, a relativa proximidade ao Reino, e a boa cotação da cana-de-açúcar nos mercados europeus, potenciaram a célere ocupação e desenvolvimento no espaço da Madeira, tendo em conta as naturais condicionantes do século XV.
Em termos da composição social, entre os colonos predominavam as gentes de Entre-Douro e Minho, Estremadura e, em menor escala, do Algarve. No século XVI sobressai, também, um razoável contingente de açorianos. O elemento negro assumiria desde cedo importância, estimando-se em finais do século XV a existência de cerca de 2 milhares de escravos em toda a ilha (c. 12%).
Embora seja muito difícil aquilatar o peso dos estrangeiros estes assumiam alguma expressão, concentrando-se sobretudo na cidade do Funchal. Muitos deles eram, também, proprietários de engenhos e, mais tarde, grandes possuidores de vinhas e casas de comércio um pouco por toda a ilha. Entre as principais minorias (as se podem designar por população flutuante) estariam os florentinos, genoveses, flamengos, franceses, ingleses judeus e mouros. Os ritmos expansivos das gentes e sua distribuição espacial podem ser analisados através da evolução das estruturas administrativas (ver apêndice 1). Em meados do século XV existiam 3 capitanias – Funchal, Machico e Porto Santo – cada uma sede de município.